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Hey, big spender

16 anos atrás

Todo mundo que joga algum jogo online já percebeu: personagens femininas costumam oferecer vantagens indiretas pra quem as escolhe. Você cria uma blood elf bonitinha, sem nenhum item, pobre de marré marré marré e, assim que entra em grupo, voilá! Brotam itens e declarações de amor no seu mail. Tá sem gold? É só falar. Precisa de companhia pra fazer uma quest mais difícil? É só chamar. Quer aquela armadura épica que nem serve pro seu nível? É só pedir... com jeitinho.

Claro que qualquer jogador menos burrinho percebe isso e, se estiver a fim de se aproveitar de outros players, vai criar uma personagem feminina bem gata.

Conta pra tia: você já jogou com personagem feminino só pra ganhar vantagem?

Sabe, isso não é culpa da mecânica dos jogos em si. No World of Warcraft, que foi meu exemplo, não existe nenhuma diferença nos itens e habilidades pra homens e mulheres. As versões femininas das armaduras cobrem muito menos pele, mas defendem do mesmo jeito. A diferença está nos jogadores mesmo.

É normal que nós reproduzamos em um ambiente virtual a estrutura a que estamos acostumados “lá fora”, então, quando um jogador assume que é legal seduzir e enganar carinhas inocentes usando os encantos sexuais de uma personagem feminina, ele está legitimando a mesma ação na vida real. Por outro lado, fico pensando nos jogadores que caem nesses papos sem nem mesmo confirmar que é uma menina quem está jogando do outro lado (o que também não seria garantia de que as vantagens seriam estendidas para a vida real). Será que eles são do tipo que faz o TCC da menina mais bonita da turma só porque ela fez biquinho? Ou que promovem uma subordinada só porque ela é gostosa, sem levar em conta a competência? Imagino que, se a Mulher Melancia pedisse a senha do banco, eles dariam.

São muitas coisas pra se falar sobre o assunto. Pra esgotá-lo, eu precisaria tomar à força este blog e escrever 24 horas por dia por... sei lá, uns 10 anos? Mas, aos pouquinhos – e misturado com outras questões, claro – eu vou falando tudo.

Bem, agora é com vocês.

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Sou mulher e tenho pouco mais de 30 – idade pra ser tia de metade da audiência do Meio Bit. Sou casada e tenho 3 gatas lindas. Filhos sem rabo estão em meus planos de médio prazo. Trabalho bastante, o que me deixa com pouco tempo pra jogar.

Mesmo com este perfil meio soccer mom, não sou exatamente uma jogadora casual. Não tenho console mas bem que queria ter um. Meu negócio é mesmo World of Warcraft, mas sempre sei das coisinhas que estão saindo por aí (embora no meu blog pessoal eu só fale de comida, gato, questões feministas e WoW). E cultura inútil é comigo mesma. Sou meio louca também, claro, mas quem não é?

Vou escrever no Meio Bit Games sobre comportamento gamer. Vez ou outra, vou mandar notas interessantes sobre assuntos aleatórios. Sou feminista, sim, então preparem-se pra ler umas opiniões diferentes daquelas às quais vocês estão acostumados. Afinal, eu não vim pra explicar, mas pra complicar! 🙂

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